Um delegado e um investigador da polícia civil que participaram da operação em Pau D’Arco fizeram delação premiada ao MPPA e estão colaborando para esclarecer as ocorrências da operação policial, que inicialmente se destinava ao cumprimento de mandados de prisão, mas que resultou na morte de 10 pessoas identificadas como agricultores.
A entrevista coletiva foi realizada na sede da Promotoria de Justiça de Redenção e reuniu o procurador-geral de justiça Gilberto Valente Martins, os promotores de justiça Alfredo Amorim, José Alberto Grisi, Leonardo Caldas e Ítalo Costa, e a procuradora da república Tatiana Versiani.
O promotor de justiça Leonardo Caldas reforçou a tese de execução ao informar que a prova técnica produzida até o momento caminha neste sentido. “Os tiros dados nas vítimas não foram à distância. Parte dos tiros foi dada à queima-roupa. A direção destes foi de cima para baixo. Tudo isso, desde que recebemos a prova pericial, indica a execução. Nenhuma das dez vítimas tinha resquícios de pólvora nas mãos. É difícil imaginar cenário de confronto se em um dos lados não houve resistência”, ressaltou.
Alfredo Amorim destacou que o pedido de prisão temporária foi destinado a 13 policiais pois não há indícios, até o momento, de que outros agentes da segurança publicaram tiveram envolvimento nas mortes – mais de 20 policiais, lotados nos municípios de Redenção, Xinguara e Conceição do Araguaia, estavam envolvidos na operação na fazenda Santa Lúcia. Todos os presos atuam em Redenção.
A prisão é temporária por 30 dias a fim de que não haja interferências nas investigações. Havia notícias de que os policiais militares suspeitos de participação nas mortes estavam abordando e intimidando policiais civis e outras testemunhas. A prisão pode ser prorrogada ou convertida em prisão preventiva, conforme análise do MPPA, responsável pela ação penal.
As investigações do MPPA continuam para apurar novos elementos que auxiliem no esclarecimento das mortes ocorridas em Pau D’Arco. Algumas medidas ainda dependem de laudos técnicos. Uma das linhas de investigação é de que houve um suposto financiamento das mortes na fazenda Santa Lúcia.
“Serão responsabilizados não só aqueles que agiram para ceifar a vida das pessoas, como também aqueles que deveriam ter agido para evitar ou tomar providências imediatas por conta do crime que foi praticado”, antecipou o procurador-geral de justiça do Pará, Gilberto Martins.
DELAÇÃO PREMIADA
Gilberto Martins destacou que a Procuradoria-Geral de Justiça está acompanhando de perto a apuração das mortes em Pau D’Arco. “Desde o início venho dando prestando apoio irrestrito à esta apuração. O acompanhamento é diário até para prestar qualquer apoio aos promotores que conduzem a investigação”, frisou o procurador-geral, que esteve em Redenção pela segunda vez num período de 45 dias.
PEDIDO DE PRISÃO
A Justiça estadual acatou o pedido de prisão temporária feito pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) contra 11 policiais militares e 2 civis, pela participação no fato ocorrido no município de Pau D'Arco, que vitimou 10 trabalhadores rurais que ocupavam a fazenda Santa Lúcia. Os promotores de justiça de Redenção Alfredo Martins de Amorim, José Alberto Grisi Dantas e Leonardo Jorge Lima Caldas assinam o pedido de prisão temporária.
Em breve o MPPA irá oferecer à Justiça a denúncia sobre as mortes em Pau D'Arco.